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Ferrovia- que ninguém fuja à responsabilidade

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24.08.2025

Durante a assinatura do contracto de concessão para a construção e manutenção por 30 anos do troço Porto-Olã da linha ferroviária de alta velocidade, o ministro das Infraestruturas e Habitação Miguel Pinto Luz deixou a pérola seguinte: “As linhas de Alta Velocidade são, a par do novo aeroporto de Lisboa, as maiores obras que o país levará a cabo neste século, e são fatores críticos para o crescimento económico de Portugal. São projetos que envolvem um largo consenso nacional. É por isso decisivo que sobre a alta velocidade e, no geral, sobre a importância do investimento na ferrovia, haja uma atitude determinada deste Governo e que está alinhada com o Parlamento e a vontade dos Portugueses. Este é para mim um grande sinal de maturidade democrática.”

Nestas poucas palavras o ministro faltou descaradamente à verdade e omitiu o essencial sobre a inexistência de um verdadeiro debate nacional sobre um sistema ferroviário que sirva a economia portuguesa, seja porque a escolha governamental da bitola ibérica impede as ligações internacionais, determinantes para os sectores exportadores e para as viagens dos portugueses na Europa, seja porque desperdiça o financiamento disponível da União Europeia, fortemente usado pela Espanha e pelos países da Europa de Leste e contribui para o desnecessário endividando do Estado a pagar pelos portugueses durante os próximos trinta anos. Acresce que no seu delírio verbal, o ministro não hesitou em eliminar todos os possíveis investimentos futuros de outros governos até ao final do século. Pura megalomania que revela uma continuada fuga do ministro à realidade.

Mas vejamos com mais pormenor algumas das inverdades e omissões do ministro:

1. É falso que haja um consenso nacional sobre a ferrovia em bitola ibérica e é falso que a Assembleia da República tenha aprovado, ou sequer debatido, os planos do ministro de uma ferrovia em bitola ibérica. Os debates públicos já realizados foram rigorosamente controlados pelos dirigentes da empresa IP, em que só falam os crentes escolhidos e com a exclusão de intervenções........

© Observador