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Haia 2025: ego e realpolitik

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04.07.2025

A Europa acordou, em Haia, com a certeza que o mundo mudou irrevogavelmente. A cimeira da NATO foi um momento de clarificação histórica sobre o lugar da Europa no tabuleiro geopolítico global. Os 32 aliados não se reuniram apenas para concordarem em aumentar a percentagem de investimento do PIB em defesa. Reuniram-se para redefinir os alicerces da segurança transatlântica, para a próxima década.

O contexto não poderia ser mais claro: a Rússia invadiu a Ucrânia há quase três anos, o Médio Oriente está em ebulição e a China expande a sua influência militar no Pacífico. Simultaneamente, os Estados Unidos da América (EUA), sob a segunda presidência de Donald Trump, exigem uma redistribuição fundamental dos custos e responsabilidades, dentro da Aliança Atlântica. Esta confluência de circunstâncias criou o momento perfeito para uma transformação que era, há muito, inevitável.

A Aliança Atlântica fez o que tinha de ser feito. A decisão de apontar para um objetivo de investimento de 5% do PIB até 2035, com revisões em 2029, reflete o somatório de 3,5% em equipamento militar direto e de 1,5% em investimentos relacionados (infraestrutura, cibersegurança, prontidão). É, sobretudo, um sinal claro a Moscovo e a todos os que testam os limites da ordem internacional: o tempo da ambiguidade acabou. Os aliados reconhecem a necessidade de reforçar as suas capacidades, bem como definem metas, estratégias e compromissos concretos.

Este aumento de investimento, a nível prático, significa a passagem de um modelo de defesa assente numa presença simbólica e histórica e numa projeção limitada, para uma abordagem centrada em capacidades reais, interoperabilidade e prontidão operacional. Significa investir na reposição de provisões de munições, no reforço de defesas aéreas, na modernização dos sistemas de comando e controlo e na capacidade de mobilização rápida de tropas e de meios. É um investimento tangível que se traduz em mais treinos conjuntos, maior presença nos flancos vulneráveis da Aliança e maior capacidade de dissuasão perante ameaças reais.

No plano operacional, a cimeira........

© Observador