menu_open Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close

A 30 segundos da moderação

7 1
02.08.2025

Portugal parece ter descoberto, finalmente, o prazer da reinvenção política – não tanto pela eficácia, mas pelo entretenimento imediatista. Um pouco por toda a Europa, cada novo ciclo eleitoral traz vitórias, literais ou imaginadas, de partidos populistas de direita, que anunciam uma definitiva e dramática alteração da conjuntura política. O caso português não tem sido diferente, mas mais relevante do que ter o Chega a reclamar para si os méritos dessa suposta transformação, é ver o restante espectro político deixar arrastar-se, acriticamente, para o lamaçal onde vale tudo, porque o mundo e o país viraram à direita.

A política nacional tem estado mergulhada neste caldo de reinvenção, sobretudo depois do resultado das últimas eleições legislativas. Tem havido grande disponibilidade para proclamar uma espécie de novo mundo, uma qualquer nova ordem na política nacional, cuja origem ainda está por clarificar. O eleitorado, por estranho que pareça, é o mesmo, talvez um pouco insuflado de ex-abstencionistas, mas não na proporção do crescimento do voto no Chega. Daí se vai inferindo, sem particular sustentação ideológica, que o país se terá convertido, consumando uma histórica viragem à direita.

A narrativa da transformação foi ganhando força sem qualquer confirmação. A verdade é que, entre a simplicidade do eleitorado e a dos media, a combinação foi perfeita para........

© Observador