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Trump e o regresso do nacionalismo económico 

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22.03.2025

O regresso de Donald Trump à Casa Branca é um marco histórico, um símbolo de mudança. O paradigma político internacional já atravessava um período de reconfiguração, mas as eleições de dia 5 de novembro galvanizaram todo um movimento à escala mundial que se une na resistência a um Leviatã global. A vitória de Trump representa a derrota da deriva woke, um movimento que se infiltrou nas sociedades ocidentais há mais de uma década e que se mascara de progressista para esconder a ausência de valores morais, destruindo pelo caminho as instituições que servem de base à nossa civilização. O Presidente americano foi o responsável pela vibe shift que aqueles que acreditam na liberdade desesperadamente precisavam.

Mas é a abordagem ao comércio internacional de Donald Trump que mais preocupa a direita liberal (no sentido clássico) ou liberal-conservadora. Se é verdade que a relação comercial com a China é peculiar, em virtude de serem as duas superpotências do momento que se digladiam numa II Guerra Fria, também é verdade que esta nova administração americana está a adotar uma política comercial com base em várias falácias.

Antes de as abordar, é importante notar que as tarifas fazem parte de um jogo duplo de Trump, que mesmo sendo um protecionista convicto tem provado que as taxas alfandegárias funcionam para ele como instrumento de extorsão no momento de negociar com líderes externos, independentemente de serem ou não aliados. Aconteceu com o Canadá e com o México, quando Trump quis que ambos os países abordassem de forma mais firme a questão do controlo das fronteiras, e com a Colômbia, quando Gustavo Petro se recusou a aceitar um voo de deportados. Por outras palavras, as tarifas são para Trump uma forma de política de poder.

Voltando à questão comercial, é claro que Trump tem pouca simpatia pela visão smithiana – e ricardiana, também – do comércio. Esta veia protecionista fica bem patente na sua reverência ao Presidente William McKinley (no discurso inaugural de 20 da janeiro, disse que “McKinley tornou o nosso país muito rico através das tarifas e do talento”) e restam poucas dúvidas de que o novo Presidente acredita piamente que submeter produtos estrangeiros a tarifas elevadas acabará por proteger os produtores nacionais,........

© Observador