Os tuk-tuks e a tragédia lisboeta
Lisboa, outrora cidade de sete colinas, mártires e miradouros, é hoje uma feira permanente de trambolhos, ora motorizados, ora eléctricos, aos guinchos, cuspindo decibéis e dióxido pelas ruelas de Alfama como se a capital tivesse sido transformada num parque temático para turistas com défice de atenção e excesso de selfie stick.
É verão, claro. É tempo do calor, dos Santos Populares, da sardinha aquecida ao preço do ouro e, já agora, como se fosse uma inevitabilidade bíblica, da invasão anual dos tuk-tuks. O que começou como uma “curiosa” novidade asiática, transformou-se numa praga urbana, estilo gafanhoto tropical, só que com buzina e guia improvisado.
Porque nada diz “experiência cultural autêntica” como subir a Calçada do Combro num triciclo barulhento conduzido por um jovem chamado Rajesh, acabado de aterrar de Punjab, que diz com um sorriso:
— “This is the castle, very old, very nice, much history!”
Ah, sim…“Much history.”Claro que é! Mas afinal, quem é que precisa de contexto histórico quando pode ter um altifalante a debitar “Despacito” a poluir a paz de quem........
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