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O 'The Rock' e a amiga

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06.08.2025

Na contemporaneidade líquida, onde as verdades se diluem e as aparências reinam, impõe-se uma reflexão sobre a natureza da atracção humana, especialmente aquela que se manifesta nas relações entre sexos. Longe da pueril romantização dos instintos, proponho um olhar mais acutilante sobre as forças que, nos tempos que correm, parecem moldar o desejo e a escolha do parceiro.

O fascínio pelo vigor físico, pela capacidade de provisão e pela projecção de segurança não são meras invenções do século XXI. São, antes, manifestações de arquétipos que, sob diferentes roupagens, sempre guiaram a escolha do parceiro.

A busca por estabilidade, por um pilar robusto em tempos de incerteza, ressoa com a prudência defendida por muitos pensadores conservadores. A atracção por um homem que não só ostenta força física, mas também capacidade de gerar riqueza e gerir negócios, pode ser interpretada não apenas como materialismo vulgar, mas como uma busca inata por segurança e ordem num mundo caótico.

Talvez, como observaria Roger Scruton, “a beleza salvará o mundo”, não no sentido de uma estética superficial, mas como um apelo a uma ordem intrínseca, uma necessidade de harmonia que o sucesso e a projecção de poder podem, falaciosamente, prometer.

No entanto, a ironia central, cujo texto subsequente explorará sem pudor, reside na hipocrisia daquele que nega publicamente o que secretamente deseja. Esta dissonância entre o discurso e a prática, entre o que se proclama e o que se escolhe, é uma falha intrínseca à natureza humana.

Poderíamos ecoar Arthur Schopenhauer, que, embora não seja um conservador no sentido político, partilha uma visão pessimista e realista da natureza humana: “Nenhum animal tortura outro pelo mero propósito de torturar, mas o homem fá-lo, e é isso que constitui a característica diabólica de seu caráter, que é muito pior do que a meramente animal.” Se o homem é capaz de tamanha vilania, não........

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