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Cérebro em standby: A intrusão silenciosa da IA

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29.06.2025

Vivemos tempos fascinantes e paradoxais: as ferramentas que prometem libertar-nos aprisionam-nos na comodidade do pensamento terceirizado. Tal como o fogo aquece, mas também queima, ou a escrita eterniza, mas igualmente nos faz esquecer, a inteligência artificial (IA) oferece um auxílio poderoso que, usado sem critério, pode enfraquecer as nossas capacidades. Este paradoxo exige uma resposta urgente do Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI), não por mero alarmismo, mas por lucidez perante o delicado equilíbrio que deve reger a adoção de tecnologias em sala de aula, em todo o edifício educacional.

Um estudo recente, “Your Brain on ChatGPT: Accumulation of Cognitive Debt when Using an AI Assistant for Essay Writing Task”, expõe com clareza científica o risco de acumulação de uma “dívida cognitiva”. Os investigadores concluíram que os estudantes que recorreram ao ChatGPT apresentaram “os padrões mais fracos de conectividade neuronal comparativamente àqueles que recorreram a motores de pesquisa ou ao raciocínio autónomo”. A mesma análise revelou que esses estudantes tiveram “dificuldade em recordar ou citar trechos de textos que tinham escrito minutos antes”, sinal evidente de uma amnésia de curto prazo induzida pela dependência de IA. Pior ainda, muitos admitiram sentir “uma reduzida sensação de propriedade sobre o seu trabalho”, como se tivessem passado de autores a meros curadores de textos tecnologicamente gerados. Essa erosão de autoria juntou-se a uma uniformização estilística; os textos produzidos eram “muito uniformes, com frases repetidas e variação limitada na expressão”, o que confirma o risco de homogeneização do discurso académico.

Reforçam........

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