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Jeffrey Epstein: o início do "spiel"

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Jeffrey Epstein, o high level bounty hunter. Estamos no ano de 1974, em Nova Iorque, e Jeffrey Epstein, um cidadão aparentemente comum, sem estudos superiores e desistente do curso da Universidade em que ingressou, é contratado por um homem poderoso para dar aulas de matemática.

Este homem chama-se Donald Barr e dirigia a escola ‘preparatória de Dalton’. Ele, Donald, acumulou um grande currículo durante toda a sua vida, não somente o de escritor ou o de Professor da Dalton School e palestrante. Na verdade, fez parte do gabinete de Serviços Estratégicos dos Estados Unidos da América durante a II Guerra Mundial.

Se o nome ‘gabinete de Serviços Estratégicos dos Estados Unidos da América’ não lhe soa a nada, é normal. Este gabinete em que Donald trabalhou é conhecido em inglês como ‘OSS’ e antecedeu o que mais tarde viria a ser transformado na CIA – Agência Central de Inteligência Americana. Assim, constata-se que Donald Barr não foi simplesmente um servidor no ramo da educação pública e privada nem somente um profissional da área ‘artística’ da escrita. O trabalho de Donald Barr para o Estado Americano foi extremamente relevante, uma vez que ele serviu como agente na agência que mais tarde se transformaria na CIA, local de trabalho que deu o primeiro emprego a William Barr, filho do primeiro empregador do Epstein, Donald Barr.

Enquanto diretor da Dalton School, Donald Barr também lançou um livro, um ano antes de recrutar Jeffrey Epstein. ‘Relações no Espaço’ é o romance que se destacará por explorar a história da colónia intergaláctica de Kosar, cujos membros são governados por uma elite aristocrática de valores decadentes e que é sustentada pelo uso e abuso sexual de crianças e adolescentes, que servem como escravos sexuais de todos os adultos desta história. Estamos no ano de 1973! Apesar de Epstein ainda não ser conhecido como predador sexual, traficante de seres humanos, violador e patrocinador de estupros coletivos de menores em 1974, o livro é escrito e lançado precisamente um ano antes de Donald Barr recrutar Epstein para lecionar numa escola de elite. Portanto, fica já claro que apesar de Jeffrey Epstein não ter credenciais para ser professor, quem o contratou parecia ver nele outro tipo de potencial, quem sabe uma espécie de talento oculto para ser ‘dealer sexual de menores’ das elites, pois ‘Relações no Espaço’ de Donald Barr retrata o universo espacial onde o abuso infantil é normalizado, institucionalizado posteriormente e decretado como um ‘bem’ necessário para a sobrevivência dos ricos e poderosos.

Mas esta história, que se assemelha a uma versão de horror do filme ‘missão impossível’, continua em 1976, ano em que Epstein dá um salto profissional inimaginável. Enquanto ainda era professor não-diplomado da prestigiada escola Dalton, e num evento que reuniria os pais e professores dos alunos, Epstein faz amizade com Ace Greenberg, pai de uma sua aluna. Deste encontro surgirá um novo rol de relações sociais e profissionais muito importantes para os negócios obscuros de Jeffrey Epstein. Ace Greenberg, que virá a ser uma das figuras mais importantes da Bolsa de Wall Street nos anos 70, 80 e 90, servirá também como CEO e Presidente do Conselho do Banco Bear Stearns, famoso banco da história da bolsa americana cujo fim culminou na crise americana de 2008 (subprime).

O senhor Greenberg tem um papel fundamental na ascensão social de Epstein, pois contrata-o inicialmente sem motivos ou razões aparentes, uma vez que estamos a falar do não-credenciado Jeffrey Epstein, mero professor de matemática. Assim, Epstein é contratado para a plataforma de ‘option desk’ do famoso banco Bear Stearns. Esta plataforma que Epstein integra visa facultar recursos para a negociação e gestão de carteiras financeiras, área........

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