O Egoísmo não entende o Amor
Muitos pais e mães alienados escrevem-me e contam histórias de vida que partilho. São histórias que demonstram que a alienação parental não é uma questão de género (tanto acontece com homens como com mulheres), e também não é uma questão de uma cultura específica especifica, uma vez que tanto acontece em Portugal como noutros outros países. Hoje falamos da história de um pai brasileiro alienado, D.V. (nome fictício) e que intitulamos “O egoísmo não entende o amor”.
D.V. conta-nos a sua história de amor com a mãe do seu filho: “Conheci a mãe do meu filho e fomos muito apaixonados um pelo outro. Eu, um jovem de 26 anos, jornalista, que sonhava em ser cineasta, e ela, uma estudante de turismo que sonhava em conhecer o mundo. Depois de três meses de namoro, ela se mudou para Londres e, após alguns meses, pedi licença do meu emprego (…) e fui em busca do amor. Moramos quase dois anos juntos, e eu voltei para São Paulo enquanto ela ficou na Europa por mais seis meses”.
D.V. relatou-nos como o conflito entre o casal se iniciou e foi ocupando o espaço do amor, através do aparecimento de comportamentos de ciúmes, que levou a encontros e desencontros: “A relação sempre foi conturbada por ciúmes. Cheguei a visitá-la uma vez e, quando ela retornou, reatamos. As brigas não pararam e, entre términos e reconciliações”.
No meio do crescendo de conflitos entre o casal conjugal, surgiu uma gravidez não planeada, o que fez com que, de comum acordo fizessem mais uma tentativa de reconciliação, um esforço que não permitiu ultrapassar as desavenças, como nos testemunhou D.V.: “Ela engravidou. Tentamos ficar juntos, mas a relação já havia sido destruída; moramos juntos por três meses, mas o óbvio era muito óbvio”.
Assim, ao conflito que era, inicialmente, entre o casal conjugal, acrescentou-se o conflito parental e iniciou-se um processo de alienação parental ainda durante o casamento/união, através do qual a mãe alienadora impediu o pai de estar como filho e cuidar dele, tendo-o progressivamente e cada vez mais afastado, até ao ponto de o impedir de qualquer contato com o filho, como nos conta D.V.:
“Aí começa a saga. Ele nasceu e, durante o primeiro ano de vida, eu não podia sair com ele. Todos da família materna saíam. Iam ao supermercado, ficavam na casa da prima para ela sair ou trabalhar, mas eu, o pai, não “tinha condição” de cuidar do filho. As discussões aumentaram e eu não podia mais entrar na casa”.
Numa vivência de alienação parental, antes e após o casamento, o conflito pode aumentar quando surgem outros elementos da família ou/e amigos(as) ou companheiros(as) que se tornam aliados do pai/mãe alienador e aumentam a conflito e a discórdia entre os pais. Numa situação semelhante, D.V. relatou-nos como o namorado da mãe se tornou um alienador do seu filho, conjuntamente com ela: “As visitas aconteciam dentro do carro........
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