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Intimidação e controlo das relações é violência

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21.06.2025

Na continuidade do texto da semana passada “Uma história de alienação no namoro, no casamento e no divórcio” (Delgado-Martins, E.; in Observador, 13 junho 2025), hoje vamos descrever as vivências partilhadas por uma mãe alienada, Ana, vítima de vários comportamentos e atitudes de um ex-companheiro/pai alienador, que os utilizou como estratégias de alienação, para ciar um sistema contínuo de controlo, intimidação e perseguição da vida da mãe e do filho João, invadindo e desrespeitando o tempo e o espaço da convivência entre ambos.

A Ana contou-nos que foi judicialmente limitada nos seus contactos com o filho João, logo a seguir a ter conseguido separar-se: “Decorridos quase dois meses da separação, fomos chamados (…) para a primeira audiência de regulação das responsabilidades parentais (requerida pelo pai), na qual ficou provisoriamente acordado que o João passaria a residir com o pai e que estaria comigo, de quinze em quinze dias, ao fim de semana”.

Ana referiu que o comportamento do pai alienador era insistente e invasivo procurando interferir no tempo e espaço da convivência do João com a mãe: “o pai tentou, insistentemente, contactar-me através de chamadas, mensagens escritas, toques na campainha…”.

Além disso, o pai exercia uma enorme pressão e destabilização no filho nestes momentos, procurando interferir repetidamente, utilizando a comunicação com o João como um instrumento de controlo e de intimidação: “sempre persistindo que queria falar com o filho para lhe explicar o motivo pelo qual ainda não o tinha ido buscar”. O pai ensaiava tentativas de provocar uma confusão emocional na criança, colocando-a contra a mãe ou incutindo dúvidas sobre a legitimidade de estar com ela, adotando um comportamento de alienação parental, disfarçado de preocupação.

Ana procurou reduzir a pressão contínua a que era sujeita durante o seu convívio com o filho pelo desrespeito do pai alienador que insistia mesmo: “após vários momentos de intensa pressão, e já depois de ter enviado fotos e vídeos que demonstravam o bem que o João estava…”. Mesmo assim, o pai alienador não cessou a tentativa de perturbar o convívio.

Ao querer falar com o João durante o convivo com a mãe, o pai tinha como objetivo criar ansiedade, instabilidade e medo no filho. A Ana contou-nos que: “o pai apenas referiu: Assim que quiseres, o pai vai buscar-te. Estou a dois minutos”, sugerindo ao João que o convívio com a mãe podia ser interrompido a qualquer momento, criando-lhe insegurança emocional, e colocando sobre a criança a responsabilidade da decisão. O João, que estava com a mãe seguro e feliz, perante o comportamento de alienação do pai, ficava com medo e destabilizado: “o meu filho ficou assustado… acalmou, brincou imenso e não pediu, em momento algum, para ir embora”.

Ana descreveu que o pai alienador exercia um comportamento de manipulação, ignorando deliberadamente o bem-estar e felicidade que o filho mostrava após os convívios positivos com a mãe, com o objetivo de os desvalorizar: “logo de manhã, assim que falou com o filho (…) após lhe perguntar e obter resposta de que estava bem e a gostar do fim de semana…No dia seguinte, logo de manhã, assim que falou com o filho (depois de receber uma sms a dizer que o mesmo tinha passado bem a noite e que regressaria ao fim de almoço porque assim tinha combinado comigo), após lhe perguntar e obter resposta de que estava bem e a gostar do fim de semana (…)”, o pai alienador num tom acusatório, manipulador e emocionalmente abusivo, procurando manipular o filho, disse-lhe: “…em tom acusatório: “O papá só te vai buscar depois de almoço porque a mamã não deixa ir antes.”, ou “Ontem, já te tentei ir buscar para dormires com o papá.”, ou ainda expressões como “A mamã não me deixou falar contigo.”; “A mamã não te vai deixar falar comigo.”; “O papá está à porta.”; e “O papá vai já tocar à campainha”. Expressões usadas com o objetivo de criar uma imagem negativa da mãe e, particularmente, através da criação do medo, dizendo estar “à porta”, colocar mais uma vez o João como mediador e vítima do conflito parental.

O pai alienador, através de um comportamento coercivo e manipulador, fez o João ter medo do próprio pai e também medo do ambiente de coação criado por ele, como descreve a mãe: “Este comportamento (presenciado pela minha família) deixou o meu filho num estado “catatónico”: a chorar compulsivamente, todo a tremer e aos gritos, quer pelo tom acusatório e gritos que ouviu do pai, mas também pelo medo que este lhe incutiu”.

Ana descreveu o padrão sistemático de alienação do pai, provocando o........

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