Alienação parental durante e depois do casamento
Através do acompanhamento desta situação familiar e do valioso testemunho de uma mãe, Sara (nome fictício), escrevemos hoje acerca da gravidade das consequências dos atos de alienação parental praticado contra crianças e adolescentes, durante e após o casamento ou união do casal conjugal e parental. A alienação parental é um fenómeno mais frequente durante e após o processo de separação entre um casal, mas pode ocorrer ainda durante o período do casamento.
No caso de Sara, o processo de alienação parental ocorreu antes da separação ou divórcio, durante o período de conjugalidade e após a separação. Nestes casos, é importante que de forma tão preventiva quanto possível, se possam identificar os sinais, as atitudes e os comportamentos que caracterizam a alienação parental, para se poder intervir o mais cedo possível na proteção das crianças e adolescente e dos pais e mãe alienadas. Como referiu Sara: “Os sinais de alerta estão todos presentes durante o relacionamento conjugal. Hoje sei isso. O pai da minha filha, entre muitas características, é um alienador e, já separados, perpetuou os maus tratos à nossa filha em comum”.
Estas atitudes e comportamentos podem ser quotidianas, sem que as vítimas se apercebam que, dia após dia, vão sendo alienadas e isoladas. No caso de Sara, teve efeitos de distanciamento físico e afetivo a si e à sua família e amigos: “Afastou-me dos meus amigos. Tinham sempre defeitos. Com a minha família, a mesma atitude. Fui isolada da família, amigos e até de novas pessoas que pudessem surgir na vida do casal”. Os alienadores conseguem gerir o processo de alienação de forma mascarada e ocultada. Sara acrescentou: “Disfarçava, de forma exímia, o que era na realidade”.
As atitudes do pai alienante configuram caraterísticas de práticas abusivas, que muitas vezes não são percecionadas pela vítima alienada, nem mesmo pela família próxima da vítima, que também é manipulada. Sara contou-nos que: “Fazia um jogo de vitimização estonteante. É manipulador nato, maquiavélico e sem escrúpulos. O charme emocional dá lhe uma capa inocentada, e durante bastante tempo, perante a sociedade. O tempo suficiente para conseguir, inclusive, manipular a minha família mais próxima. Os comportamentos dele, para comigo, percebo hoje, indiciava o que a minha filha iria sofrer mais tarde”.
Sara expressou o seu sofrimento por ter confiado neste homem, o pai da sua filha, sem nunca se perceber que eram ambas vítimas de alienação pela pessoa que dizia as amar: “Confiamos na pessoa que temos ao lado. Não nos passa pela cabeça do que essa pessoa nos está a fazer e do que é capaz de fazer, porque não somos como essa pessoa. Não estamos preparados para o grau de maldade e maquiavelismo, porque não somos assim. Não chegamos lá”. O objetivo........
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