Acompanhamento psicológico - 3 anos de silêncio
Através de comportamentos e atitudes alienadoras, o pai e a madrasta utilizaram uma estratégia de alienação que corresponde ao uso de um sistema contínuo de total controlo da vida da Mariana, através do qual a instruíram com um “guião” previamente preparado para ser usado durante sessões de terapia com o psicólogo. Esta “preparação” teve como objetivo condicionar o discurso da Madalena, induzindo-a a dar informação incorretas para manipular a perceção dos técnicos e interferir no processo da sua avaliação psicológica.
Com efeito, frequentemente, a criança ou adolescente alienado, durante as consultas de psicologia, não conta espontaneamente a sua verdade, mas apenas o que o pai/mãe alienador, antecipadamente lhe diz que deve contar. Como nos referiu Madalena: “eu já estava muito bem preparada”.
Relato de Madalena — Vítima de Alienação Parental
Madalena, ainda adolescente, começou a perceber que as suas palavras em contextos terapêuticos não eram verdadeiramente suas. Antes de cada sessão de psicologia, ela era “preparada” para a mesma pelo pai e pela madrasta. Esses momentos eram apresentados como “conversas para a ajudar a lembrar-se das coisas importantes”, mas, na verdade, consistiam na repetição de um “guião” previamente delineado, com frases específicas e relatos distorcidos que a Madalena deveria repetir no consultório.
Instruída pelo pai e madrasta alienadores, sobre o que dizer e o que omitir, Madalena foi gradualmente condicionada a associar a mãe a experiências negativas e a utilizar repetidamente, perante os profissionais, uma narrativa que não correspondia à realidade das suas vivências. Com o tempo, passou a duvidar da própria memória, confundindo o que sentia com o que lhe diziam para dizer que sentia.
A estratégia era subtil, mas eficaz: o objetivo não era apenas denegrir a imagem da mãe perante os técnicos, mas também deteriorar o vínculo afetivo entre mãe e filha, induzindo a Madalena a desenvolver uma lealdade exclusiva ao pai e à madrasta alienadores.
O psicólogo e o medo do tribunal
Madalena não ia às sessões de psicologia com liberdade. Cada consulta era precedida por um verdadeiro treino. Sabia exatamente o que devia dizer e, mais importante ainda, o que não devia mencionar. O discurso era ensaiado ao pormenor, porque todos sabiam que o psicólogo iria escrever relatórios que seriam entregues em tribunal. Como nos partilhou a própria recentemente: “Eu também era treinada para ir ao psicólogo…sabia perfeitamente que discurso é que eu que devia manter porque ele fazia os relatórios para o tribunal…e isso sempre foi exposto assim muito abertamente…tudo o que saia daquele psicólogo ia para …o tribunal”.
O consultório, que deveria ser um espaço seguro e de escuta neutra, transformou-se para Madalena num lugar de tensão. As sessões deixaram de ser terapêuticas para se tornarem oportunidades de manipulação legal. Ela compreendia, ainda criança, que estava no centro de uma disputa de adultos e que as suas palavras, reais ou impostas, teriam um peso desproporcional na decisão judicial sobre com qual dos pais ficaria a viver.
Segredos impostos e silêncios forçados
Madalena revelou-nos que, apesar de ter sido acompanhada por um profissional que a seguiu em psicoterapia psicológica durante bastante tempo, importantes partes da sua vivência foram sistematicamente omitidas. Uma dessas omissões diz respeito ao período em que esteve na casa da avó paterna, uma experiência com forte carga emocional e que, no entanto, nunca foi mencionada nas sessões: “Eu já nessa altura, já era acompanhada nesta altura em psicoterapia, há muito tempo com o Dr. A. (psicólogo) e ele também nunca soube que eu estive em casa da minha avó, nunca…”.
Este silêncio imposto não foi acidental. Madalena compreendia que havia temas “proibidos”, zonas da sua história que deviam permanecer escondidas, porque contrariavam a narrativa imposta........
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