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Adolescência

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25.03.2025

Não é verdade que a série “Adolescência”, da Netflix, tenha assustado milhões e milhões de pais unicamente por terem descoberto com ela aquilo que se passa nas redes sociais. E no modo como os seus filhos estão expostos a imensos perigos que os pais desconhecem. Sejam conteúdos violentos, sexistas, sexuais, misóginos ou populistas, ou a discursos que lhes chegam através de influencers que os radicalizam e os conspurcam com o mal. Isso assustou-os, claro. Mas aquilo que mexeu, verticalmente, com os pais foi reconhecerem com aquela história que conhecem os seus filhos adolescentes muito pior do que alguma vez imaginaram. Que os conseguem proteger bem menos do que supunham. E que os seus filhos, por mais que sejam bons miúdos, são capazes (por mimetismo, respondendo a desafios ou num impulso) de fazer coisas graves. Por mais que os pais estejam perto deles. E os tenham debaixo de um olhar super-protector, controlador e quase obsessivo.

Mas aquilo que mais os terá interpelado foi darem-se conta que, por mais que tentem ser, todos os dias, bons pais; e por mais que tentem ser melhores que os seus próprios pais, na sua infância, são mais distraídos e mais negligentes do que imaginavam. E, sobretudo, que os seus filhos adolescentes — por mais que, em grupo, pareçam inflamáveis, fugidios, um bocadinho “parvos” ou estar sempre a testar os limites — são, muitas vezes, miúdos muito sozinhos. Assustados. E desamparados. Que esperam o colo, o carinho e os cuidados dos pais. (Por mais que peçam tudo isso de forma trapalhona.) Mas que, porque eles e os pais parecem falar idiomas distintos, se desencontram muito mais vezes do que todos desejam.

E tê-los-á assustado porque, também, eles reconheceram que, muitíssimo tempo antes dos 16, terão permitido que os seus filhos tenham acedido a rede........

© Observador