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O crime que compensou

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05.04.2025

“Cinco anos depois, voltámos às videochamadas para registar o que cinco personalidades aprenderam com a pandemia e o que fariam diferente. A Covid-19 está no passado, mas ainda ninguém a esqueceu.”

É com este saudosista parágrafo que o Público, assinalando o quinto aniversário do circo-mor, apresenta o artigo “De Marta Temido a Nuno Markl – as figuras da pandemia em cinco retratos”. Aquilo que podíamos assumir tratar-se de uma rábula de apurado humor, é na verdade um exercício sério de vanglória. “Figuras da pandemia” – referidas também frequentemente nestes louvores como “Rostos da Pandemia”, ainda que outra parte da anatomia humana constituísse uma analogia mais fiel – simulam o regresso dos confinamentos e gravam vídeos em que, com admirável desfaçatez, retomam o tom professoral para nos voltarem a pregar sobre a sacralidade das práticas onanísticas antivirais.

Ora, se os jornais aproveitam a efeméride para reviver laudatórias nauseabundas, ouso retomar brevemente o tema com que, forçado, tanto me ocupei. Estou familiarizado com as reacções a este tópico: quem desejava seguir a sua vida com normalidade e denunciava os abusos e exageros, era considerado irresponsável e insensível; quando as mesmas pessoas abordam o tópico hoje em dia, são vistas como obcecadas e paranoicas. Sabemos ser precisamente o contrário: quem decidiu destruir o mundo com medo e insensatez, foi obcecado e paranoico, e quem opta por ignorá-lo agora é irresponsável e insensível.

Numa era em que as acusações de judicialismo se assumem como prática preponderante no universo político, nunca deixará de ser pertinente conjecturar acerca dos motivos que levam tantos políticos a estarem envolvidos em processos mediáticos e investigações judiciais por crimes de corrupção e........

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