Investigação clínica: fazer dos obstáculos oportunidades
A investigação científica na área do cancro apresenta uma narrativa repleta de avanços e recuos onde, nas últimas décadas, os progressos são incontestáveis, permitido uma mudança fundamental de paradigma.
A forma como encaramos um diagnóstico de cancro tem vindo a evoluir de uma doença potencialmente fatal, cujo foco era a sobrevivência, para uma integração de cuidados onde dimensões como a qualidade de vida e as preferências do doente são consideradas na decisão clínica. Para tal têm contribuído as campanhas de promoção para a saúde, que incidem sobre a adoção de estilos de vida saudáveis e rastreios precoces, assim como os avanços na inovação clínica e a existência de opções de tratamento cada vez mais avançadas e personalizadas, traduzindo-se numa esperança renovada para os doentes e suas famílias.
É inequívoco o impacto da investigação pré-clínica e clínica, nos avanços dos cuidados de saúde, nomeadamente através dos ensaios clínicos, que permitem aos doentes e aos profissionais de saúde acederem a terapêuticas potencialmente inovadoras vários anos antes da sua aprovação de introdução no mercado. Os ensaios clínicos são o padrão de referência da medicina baseada na evidência, tendo um papel fundamental não só na determinação da eficácia e segurança de novas terapêuticas, mas também gerando valor económico para os sistemas de saúde. Ainda assim, os números da EFPIA – Federação Europeia das Associações da Indústria Farmacêutica confirmam uma redução na participação de centros europeus nos ensaios clínicos, a qual passou de 25% em 2013 para 12%........
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