Querem ver que é mau?
O país tem assistido, entre a surpresa inicial, a curiosidade compassiva e a avolumada indiferença, a uma oferta expressiva de candidaturas presidenciais, fazendo lembrar as pedras rolantes que perseguiam a personagem de Buster Keaton no filme Seven Chances. Estamos no domínio do colapso rochoso, de volume e desfecho incertos.
A primeira coisa a salientar remete para um adágio popular, de justeza incerta e aplicabilidade duvidosa: “quantidade não é qualidade”. Tendo a discordar. A Lei dos Grandes Números, publicada em tempos longínquos no Livro das Grandes Leis, dá-nos conta do seguinte: se, em média, 1 em cada 10 produtos for de qualidade, a proporção observada de produtos de qualidade tenderá para 10%; se comprarmos 1.000, é altamente provável que encontremos 100 produtos de qualidade. O ganho é irrefutável.
A segunda e a terceira não me ocorrem, mas a quarta é particularmente incisiva: é provável que o povo se anime pouco, mas o comentariado se excite muito. Disso já nos deu conta um conhecido cronista que, num jornal de inapelável referência, e provavelmente atento ao preceito dos Grandes Números, exortou a pátria com um clamor pungente: que floresçam cem candidatos (é também provável que, no caso do cronista em causa, apenas se reclamasse por alguém à esquerda que não o doutor Seguro).
Uma breve visita aos canais televisivos que albergam carinhosamente o vasto contingente de comentadores que nos calhou em sorte (qualquer coisa na ordem dos 123 indivíduos, se........
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