Armar civis: os «ataques por procuração»
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia está a redefinir radicalmente a forma como as guerras modernas são travadas, com dois avanços tecnológicos a destacar-se em particular: os drones e os ataques por procuração.
Enquanto o uso generalizado de drones pela Ucrânia e pela Rússia domina as manchetes e as estratégias de defesa (especialmente após a Operação Teia de Aranha, sem precedentes na Ucrânia), os ataques por procuração continuam sendo amplamente ignorados nas discussões europeias dominantes.
Essa tática, usada menos para efeito cinético e mais para impacto psicológico, envolve recrutar indivíduos para realizar ataques — conscientemente ou não — entregando explosivos em nome de uma parte beligerante, normalmente visando infraestruturas ou indivíduos socialmente significativos.
Dado o efeito psicológico altamente desestabilizador dos atentados por intermediários, os governos e as sociedades europeias devem começar a tratá-los como um componente sério da guerra na zona cinzenta — um componente que provavelmente será amplamente utilizado em qualquer escalada futura da agressão russa contra a Europa para além da Ucrânia.
Práticas na Rússia e na Ucrânia
Na Rússia e na Ucrânia, os atentados por intermediários são geralmente utilizados para atingir centros de alistamento militar, esquadras de polícia, bancos, estações ferroviárias, subestações elétricas, escritórios governamentais e outras instalações semelhantes.
A Ucrânia ou as forças pró-ucranianas também utilizam bombistas por procuração como meio de retaliação pela propaganda agressiva antiucraniana ou pelos crimes de guerra cometidos durante a guerra.
Por exemplo, em abril de 2023, uma mulher inconsciente entregou ao blogueiro pró-guerra russo Vladlen Tatarsky uma........
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