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Entre a aridez do código e a fertilidade dos solos

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11.04.2025

Imagine um algoritmo suficientemente sofisticado para prever o crescimento das sequoias na Califórnia, o ciclo de chuvas na Amazónia, o compasso da ansiedade humana perante as mudanças climáticas e as incertezas do futuro. A inteligência artificial (IA) tem, de facto, a capacidade de recolher e analisar dados a uma escala tão grandiosa que quase parece aproximar-se de um “saber” absoluto. Contudo, o que fazer com esse conhecimento é um desafio moral e espiritual que nos convida a refletir profundamente sobre o tipo de civilização que queremos construir.

Vivemos mergulhados num paradoxo. Por um lado, a realidade digital expande-se a ritmo acelerado, oferecendo soluções para problemas que antes pareciam irresolúveis: é já possível otimizar cadeias logísticas, prever padrões de desflorestação e agilizar transações económicas numa fração de segundo. Por outro lado, os sinais de esgotamento do planeta acumulam-se de forma inquietante – não apenas visíveis na subida das temperaturas médias globais ou na redução drástica da biodiversidade, mas também na forma como a sociedade, se deixa envolver numa espiral de consumismo e alienação.

Esta encruzilhada convoca a uma reflexão mais profunda e ampla do que apenas o “para quê” da tecnologia. É, sobretudo, um “para quem” e um “como”. A sustentabilidade não é mera estratégia de marketing ou tendência empresarial; é o pilar que sustenta a possibilidade de futuro. A espiritualidade, aqui, não se confunde com doutrinas religiosas restritas, mas surge enquanto força ética e proativa. Uma consciência que........

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