O Universo tem em excesso, a Terra tem em essência
Nascemos e vivemos num planeta onde os valores estão, por vezes, ancorados na raridade artificial. Metais preciosos como o ouro, a platina ou pedras como os diamantes são venerados, acumulados e cobiçados desde os primórdios das civilizações humanas. Estes materiais moldaram impérios, provocaram guerras e alimentaram mitos. Mas à medida que expandimos o nosso olhar para lá do planeta azul, emerge uma ironia grandiosa: aquilo que mais valorizamos na Terra é, na escala do Universo, quase banal. E aquilo que tratamos como comum aqui, pode ser absolutamente extraordinário no cósmico.
A ciência moderna revelou-nos que muitos dos elementos considerados raros na Terra, como o ouro, a prata, o ruténio ou o paládio, são formados em eventos violentos mas recorrentes no cosmos, como a colisão de estrelas de neutrões. As quantidades resultantes desses eventos são gigantescas. Por exemplo, só uma colisão dessas pode produzir mais ouro do que toda a quantidade extraída ao longo da história humana. Diamantes? Descobriram-se planetas onde praticamente toda a sua estrutura é composta por carbono cristalizado — autênticos mundos de diamante a flutuar pelo vazio.
Estas descobertas colocam em perspetiva a natureza relativa do valor. O que é precioso aqui é, em muitos casos, apenas uma questão de escassez localizada. No grande esquema das coisas, é apenas mais um subproduto da alquimia estelar.
Mesmo assim, esses elementos têm um........
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