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40 Anos de União Europeia: o Milagre dos Fundos   

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15.06.2025

Portugal celebrou este ano 40 anos de adesão à União Europeia. Quarenta. Quatro décadas. É uma idade bonita, redonda, aquela fase da vida em que já não se acredita que os políticos dizem a verdade, mas ainda se acredita que o Benfica vai à Liga dos Campeões. É uma idade bonita, redonda, com a maturidade de quem já viu muita promessa falhada, mas ainda acredita em milagres — sobretudo quando vêm de Bruxelas, sob a forma de envelope recheado e PowerPoint animado. E se há coisa que Portugal tem feito bem nestes 40 anos, é saber viver na UE com aquele jeitinho típico de quem está sempre “à rasquinha”, mas nunca deixa de aparecer ao jantar de família com um vinhozinho do Alentejo e um ar de quem não sabe o que se passou com o IRS.

Entrámos na CEE em 1986 com o entusiasmo de quem acredita que agora sim, “é desta”. A ideia era simples: nós trazíamos bacalhau, simpatia e sol, e a Europa trazia estradas, cheques e exigências com nomes em alemão. No fundo, foi como um casamento arranjado: nós precisávamos de estabilidade financeira, eles precisavam de um sítio barato para passar férias.

Desde 1986, vivemos uma relação intensa com a Europa. Um verdadeiro casamento de conveniência: nós trazíamos fé, sol e bacalhau, e eles traziam regras, dinheiro e uma ligeira impaciência connosco. E como bons portugueses, respondemos com o que fazemos melhor: damos um jeitinho, sorrimos, e construímos um pavilhão multiusos num monte com três habitantes.

Desde então, Portugal tornou-se um verdadeiro especialista em receber fundos comunitários. Há países que os investem em ciência, educação, desenvolvimento industrial. Nós preferimos a abordagem mais espiritual: rotundas com esculturas abstratas e museus sobre temas que ninguém pediu. Há em Portugal um Museu da Batata. Não é metáfora — é literal. Mas ainda não há um museu do “Como é que gastámos 130 mil milhões sem aumentar a........

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