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O legado Invisível 

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04.08.2025

“Nem tudo o que parece é”. A frase, tirada do filme A Princesa Cisne, de Richard Rich, ecoa desde a infância.

Um ensinamento que levamos desde tenra idade, cultivado pelos filmes da Disney, mas que apenas percebemos ou interiorizamos décadas mais tarde. E quanto mais o tempo passa, mais nos apercebemos de que, de facto, a realidade raramente corresponde ao que apenas os nossos olhos alcançam.

O meu avô era uma rara exceção a esta regra: o que parecia e o que se via eram reflexo um do outro. Para mim, foi um exemplo mudo – daqueles que nos ensinam sem palavras, só com a presença – e que fica para toda a vida.

Não tive um pai, mas rezam as doutrinas da psicologia infantil que a criança transfere a figura masculina para alguém próximo. Eu transferi para o meu avô, que era mais do que uma figura paterna. Era e é, um exemplo a seguir.

O meu avô, ao contrário das universidades da vida, ensinou-me pelo exemplo, pelas suas ações e pela minha atenta, mas inconsciente observação. Nunca com dissertações ou demasiadas palavras, sempre com gestos. Daí o “mudo”. Não será assim que todos deveríamos aprender?

A minha observação de como o meu avô geria o seu negócio, a forma como lidava com quem para ele trabalhava e com todos à sua volta, era exemplar. Nunca me apercebi de status, de hierarquias sociais, de nenhuma diferença nesta escadaria de posicionamentos que nos é impressa à medida que a nossa mente e o nosso corpo vão,........

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