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A importância de não importar coisa alguma

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É um espectáculo curioso. Ninguém viu, mas toda a gente fala. Ninguém dá importância, mas é o tema daquele dia. Há coisas tão mais importantes a acontecer – mas, aparentemente, temos tanto mais a dizer sobre esta.

Os momentos de “passadeira vermelha”, ou red carpet, como frequentemente já nem se dá ao trabalho de se traduzir, começaram por ser “uma coisa” lá fora; depois, tornaram-se “uma coisa” por cá também. Nasceram como antecâmara necessária ao espectáculo em si, prelúdio, introdução, preparação, setup, primeiro acto; ei-los, agora, transformados em espectáculo dentro do espectáculo, com direito a peça autónoma nos jornais; painel de análise e comentário nas televisões no dia seguinte.

Antes, as pessoas viam as obras que iam a distinguir nos prémios; depois, já só viam os prémios; agora, por vezes, já só lhes interessa o que se vestiu para lá ir.

O que significa isto? Sinal dos tempos. Desacreditámos na arte e na academia; ficou-nos o gosto, o que quer que isso seja. A opinião pessoal, o palpite, a convicção, a perspectiva que dispensa conhecimentos mais profundos para opinar.

Temos, portanto, muito lá ao fundo, a forma de arte – música, cinema, televisão, teatro, o que........

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