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Treze dias na América (os primeiros cinco)

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27.04.2025

Em parcial violação das recomendações do dr. Rangel, regressei aos EUA. Aterrado em ambos os sentidos da palavra, saí do avião a tremer rumo à zona da alfândega. De acordo com notícias recentes, esperava duas de duas coisas: 1) uma sala vazia devido ao decréscimo do turismo internacional em terras americanas; 2) uma sala cheia de incautos em processo de detenção e envio para interrogatório ou Guantánamo. Encontrei a habitual sala cheia de turistas sujeitos aos procedimentos pacatos e arrastados de sempre, que misteriosamente não incluíam gritos lancinantes e verificações dos telemóveis em busca de críticas ao esposo de Melania. Como tenho uma traquitana no telemóvel que agora permite adiantar serviços fronteiriços (o Mobile Passport Control, MPC para os íntimos), despachei-me em cinco minutos. A sombra fascista de Trump ainda não chegou ali.

Pude assistir em directo a uma invasão do Capitólio. Infelizmente, a dita esteve a cargo de cidadãos que queriam almoçar na respectiva cantina, o que causou uma fila imensa e me levou a desistir do peculiar intento. Por causa da chuva, limitei-me a cirandar de carro pela cidade, com fugazes incursões a pé. Revi o memorial de Lincoln, esse abolicionista hesitante cuja estátua só permanece intacta graças à tirania vigente. Revi o memorial de Jefferson, esse esclavagista sem hesitações. Revi o Pentágono, o edifício Watergate e, quase por acaso, a Casa Branca, que voltou a abrir a visitas a nativos e a estrangeiros, desde que marcadas com meses de antecedência, num claro sinal de despotismo.

Para me abrigar, revi igualmente o Teatro Ford, cenário do........

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