A liberdade não está a imigrar para aqui
Por incrível que pareça, cada imigrante miserável que surge por cá é um emigrante que fugiu à miséria de outro sítio qualquer. Nos últimos anos, tem-se debatido muito os destinos da imigração com “i” e muito pouco as causas da emigração com “e”. Quer dizer, “debater” é força de expressão: o Ocidente acolhe sem critério multidões de “ii”, os governos e a universidade e os media atribuem ao remoto colonialismo a desgraceira que motiva os “ee” e, a bem da harmonia cósmica, está o caso encerrado. Beliscar esse abençoado equilíbrio constitui um acto de xenofobia e, provavelmente, de puro racismo, transtornos gravíssimos que, à semelhança da micose fúngica, as pessoas educadas não ousam exibir em público.
Por sorte, há pessoas sem modos que começam a perguntar: porque é que nas conversas sobre migrações o ónus recai sempre nos países de acolhimento, invariavelmente culpados seja lá do que for, e não nos países de origem, invariavelmente inocentes de tudo?
Esta semana, as minhas amigas Margarida Bentes Penedo e Teresa Nogueira Pinto apresentaram-me, através do YouTube, a Magatte Wade. Wade, que nasceu no Senegal e vive no Texas, é uma empresária e – não quero ofender – uma activista pelo progresso do seu continente natal, o progresso autêntico e não o “progresso” das ladainhas. Em numerosas........
© Observador
