O poder local e os desafios do futuro: um novo ciclo
À medida que Portugal se prepara para as eleições autárquicas de 12 de outubro de 2025, encerrando o primeiro quarto do século XXI, torna-se imperativo refletir sobre o papel do poder local no desenvolvimento das cidades e dos territórios. Ao longo de mais de quatro décadas, os municípios portugueses afirmaram-se como instituições centrais da democracia, herdeiros diretos da revolução de Abril e expressão viva da proximidade entre governantes e cidadãos. Hoje, quando a escala global traz novos desafios e as crises se sucedem – da climática à social, da digital à demográfica – é precisamente no nível local que se joga grande parte da capacidade de resposta do país.
Desde a criação do regime democrático, as autarquias assumiram responsabilidades que foram muito além da mera gestão administrativa. Reconstruíram escolas e equipamentos, expandiram redes de saneamento e abastecimento de água, regeneraram centros urbanos e criaram espaços verdes que mudaram a paisagem das nossas cidades. Mais do que isso, deram rosto humano ao poder, acolhendo as preocupações concretas de quem procura uma solução para o transporte escolar, uma licença de construção ou um apoio social. Foi esta proximidade que consolidou a confiança dos cidadãos nas câmaras municipais, fazendo delas, ainda hoje, uma das instituições políticas com maior credibilidade junto da população.
No entanto, o novo ciclo autárquico que se abre entre 2025 e 2029 não se deve limitar a continuar a obra feita: exige um salto qualitativo. A transição energética é talvez o maior dos desafios. Portugal assumiu metas ambiciosas de neutralidade carbónica e de descarbonização da economia. Mas estas metas só serão cumpridas se cada município for capaz de liderar projetos locais de........
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