Reconhecer que Palestina e a que preço?
O governo português decidiu avançar para o reconhecimento do Estado da Palestina, depois de em junho ter dito que só o faria mediante um conjunto de condições que, obviamente, não estão cumpridas: “a libertação segura dos reféns”; “reformas internas por parte da Autoridade Palestiniana”, “a desmilitarização do Estado”, “o desarmamento do Hamas” e “o reconhecimento do Estado de Israel por parte da Autoridade Palestiniana”.
Trata-se de uma cambalhota difícil de entender, uma vez que nenhuma das condições está, objectivamente, cumprida. É, muito provavelmente, uma cedência à pressão mediática, apesar de o Primeiro-Ministro ter dito no mês passado que não ia “fazer números para aparecer nas notícias”, e uma claudicação a pressões externas, não obstante o Ministro dos Negócios Estrangeiros ter afirmado há poucos dias que “Portugal é um país soberano”.
É acima de tudo um erro grave que não pode deixar de ter a nossa firme oposição.
É um absurdo diplomático. Se quiser ser coerente com a “nobreza” da decisão tomada, o governo português tem de esclarecer se, após o reconhecimento oficial, abrirá representação diplomática e consular na Palestina, em que parte do território, e se obviamente transferirá para lá o seu corpo diplomático. Ou se a diplomacia portuguesa para a Palestina continuará a ser exercida… em Israel?
É um disparate jurídico e político. Onde estão preenchidos os........
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