O enigma do lítio – revisto
Em meados de 2023, um artigo académico intitulado “Antecipando a extração de lítio no norte de Portugal: Uma Zona de Sacrifício em formação” foi publicado no vol. 30 do Journal of Political Ecology. Escrito por Leonie Saleth e Ingrid Varov da Universidade de Copenhaga e do Stockholm Environment Institute Tallin Centre, ele apresentou um estudo cuidadosamente pesquisado das propostas controversas para a exploração de ativos minerais portugueses feitas por grupos de investidores internacionais liderados pela Savannah Resources Plc. Esta empresa descreve-se como “uma empresa líder em desenvolvimento de lítio convencional que possui um dos ativos de matéria-prima de lítio mais significativos da União Europeia”. O artigo investigou imparcialmente a resistência oferecida pela maioria dos cidadãos de Covas do Barroso com base no fato de que grandes extensões dos seus ativos – o campo – seriam perdidos além do possível devido à poluição de cerca de quinze anos de operações intensivas de mineração.
Durante os dezoito meses seguintes, os dois lados envolveram-se num confronto tático e muitas vezes amargo, que atraiu a atenção dos média nacionais e internacionais como sendo um conflito de São Jorge e o Dragão, com presságio de vitória da besta feroz e a consequente abertura de portas legislativas para uma enxurrada de acontecimentos semelhantes.
Poderosas empresas de mineração são capazes de financiar campanhas intensivas de relações públicas lideradas pelos advogados mais inteligentes. As “pessoas pequenas” não têm recursos financeiros — apenas determinação para preservar o seu modo de vida histórico. Recentemente, essa luta culminou na reversão de uma liminar do tribunal local para atrasar o processo de planeamento. A culpa foi colocada de forma justa e direta em ministros, autoridades e até mesmo no sistema judicial que foram pressionados agressivamente pela Savannah, citando que o projeto tinha sido apresentado como sendo de interesse........
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