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O Forcado

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02.10.2025

Manuel Maria Trindade acalentava uma vida repleta de êxitos nas arenas, dedicando aos touros todo o tempo livre de que dispunha, esforço esse que o levou, ainda muito cedo, a atingir um estatuto de respeito no mundo dos forcados, destacando-se como uma das principais figuras do Grupo de Forcados Amadores de S. Manços.

Partilhava com os seus companheiros de lide as virtudes da coragem e da abnegação, pelo que naquela fatídica noite na principal Praça de Touros do País não hesitou, um segundo que fosse, em se fazer à cara de um animal com setecentos quilos de peso.

A sua valentia custou-lhe a vida, porque agarrou-se estoicamente ao toiro e não o largando até ser vencido no brutal choque contra a trincheira.

Será recordado pelo seu amor à tauromaquia, pelo profundo respeito que nutria pelos touros, pela sã camaradagem com todos aqueles que com ele partilhavam as principais Praças e pela enorme coragem e destreza que sempre evidenciou.

Ao partir da vida terrena, deixou o seu nome inscrito numa galeria de corajosos e valentes jovens forcados lusos que também pereceram na arena, sacrifício consequente da paixão a que se entregaram no meio taurino.

A arte do forcado está intimamente ligada à temeridade de um Povo que se lançou à descoberta de novos mundos, indiferente aos perigos que daí teve de enfrentar, aventurando-se em paragens nas quais semeou a Portugalidade e expandiu a Fé cristã.

O forcado representa a coragem e a bravura desse português que, apesar de temido, soube ser respeitado por todos os povos com que se relacionou.

A pega de caras é uma arte exclusiva portuguesa, sendo o forcado português quase único no mundo, exceptuando-se........

© Jornal SOL