menu_open Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close

O Público na aldeia do Simão

10 19
03.07.2025

Há muito que nos fomos habituando a aceitar «notícias» incitadoras de ódio , mesmo as mais aleivosas, com um indiferente encolher-de-ombros reflexo; para isso, temos vindo a ser domados pelo sistema político-cultural vigente, como se de uma constatação da «normalidade mediática» se tratasse. Aceitamos sem contestar expressões com as quais, no fundo, discordamos, como «interrupção voluntária da gravidez», ou tão somente IVG para esconder o conteúdo, como se o processo natural da gravidez pudesse ser interrompido e posto em suspenso até melhor oportunidade quando estivessem reunidas condições mais convenientes para o retomar. Imposto pela fria burocracia, o uso ilógico do conjecturado eufemismo perdeu a sua óbvia carga crítica e «normalizou-se» no discurso do dia-a-dia mesmo nas esferas que dele têm perfeita consciência. Quem alerte para o absurdo é sempre visto como um radical, um conspiracionista, uma pessoa afastada da realidade do momento, retrógrada, pouco cultivada e socialmente indesejável ou irrelevante.

O que é mais espantoso é que toda a caracterização e desmontagem do processo de controlo lexical está feita há muito por autores e investigadores de todos os lados do espectro político ou filosófico. No seu tratamento pedagógico das distopias, Georges Orwell fartou-se de apontar para o objectivo almejado pelos diversos Ministérios da Verdade que nelas........

© Jornal SOL