Verde: esperança?
O verde, a cor da Natureza, evoca qualidades como frescura, saúde, pureza, harmonia e renovação. Diz-se até que é a cor da esperança. No entanto, no contexto do século XIX, esse simbolismo adquiriu contornos irónicos e, por vezes, trágicos. Um elemento químico omnipresente no quotidiano da época – o arsénio – condensava em si beleza e ameaça, cura e veneno, promessa e desilusão.
Até finais do século XVIII, os pigmentos verdes eram de origem mineral, como o verde-malaquite – carbonato básico de cobre, sensível a condições ácidas. Alternativamente, a cor verde podia ser obtida pela mistura de pigmentos azuis com amarelos. Em 1775, o farmacêutico sueco Carl Wilhelm Scheele protagonizou uma verdadeira revolução ao sintetizar um composto que ficaria conhecido como ‘verde de Scheele’. Um arseniato de cobre barato, de tonalidade viva e apelativa, resistente à luz, não tardou a ser amplamente usado em tintas. Tecidos, papéis de parede, mobiliário, brinquedos, flores artificiais, capas de livros, embalagens de doces, tudo ajudou a ditar a nova moda dos ‘verdes de arsénio’. Ao verde de Scheele juntar-se-ia, em 1808, o verde de Paris........
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