Nitrogénio, esse desconhecido
Muitos dos desenhos e gravuras de realidades impossíveis e paradoxais do artista holandês Maurits Cornelis Escher (1898-1972) convidam o observador a seguir percursos visuais que parecem lógicos à primeira vista, mas que acabam por conduzir a lado nenhum ou a algo totalmente inesperado. Entre os exemplos mais icónicos contam-se as escadas que simultaneamente sobem e descem, as quedas de água que desafiam as leis da física, o cubo impossível (na imagem) e os bandos de aves que se transformam em cardumes de peixes.
À semelhança dos mundos paradoxais de Escher, que nos obrigam a rever o que julgamos ver, também a ciência, no seu esforço por compreender o Universo, pode desconcertar ao revelar realidades antes inimagináveis. Vem isto a propósito do facto de, recentemente, ter sido obtido o N6, uma nova forma molecular de nitrogénio, o elemento que, sob a forma de pares de átomos (N2, o chamado dinitrogénio), constitui 78% do volume do ar atmosférico. Até agora, com exceção do N4, detetado em 2002, mas cuja estrutura não foi determinada, não se conhecia qualquer outra molécula composta exclusivamente por átomos deste elemento. O N6 (hexanitrogénio) já tinha sido........
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