O que seria uma ditadura liberal progressista?
Podemos antever algumas características de uma ditadura liberal-progressista, uma expressão que, à primeira vista, parece contraditória. Esta não se imporá pela força bruta, mas pelo consenso fabricado. Não marcha com botas nem ergue bandeiras vermelhas, mas apresenta-se em palcos internacionais, com discursos sobre dignidade, diversidade e direitos humanos. Não se anunciará como tirania, pelo contrário, apresentará a sua ordem como o culminar da civilização, como a mais justa e tolerante das sociedades possíveis. Assumirá a forma de uma civilização evoluída, onde todos serão livres desde que aceitem os valores justos, progressistas e inclusivos. A sua violência será subtil, mas omnipresente. A sua repressão, invisível, mas eficaz. Será uma ditadura sem rosto, mas com milhares de vozes, repetindo em uníssono o mesmo refrão moral. E quanto mais se proclamar democrática, mais eficaz será na supressão silenciosa da dissidência.
A Moral Única e o Fim da Dissidência
Este regime fundar-se-á na hegemonia de uma ortodoxia moral progressista e numa ordem económica globalista. A igualdade absoluta de reconhecimento, a primazia dos direitos subjetivos e a libertação individual face a todas as estruturas herdadas como a família, a religião ou a identidade nacional serão os pilares sagrados do novo credo. A divergência será tratada como patologia. Qualquer discordância séria será rotulada como ódio, intolerância ou desinformação.
A censura formal tornar-se-á supérflua. Bastará o controlo cultural exercida nos media, nas universidades, nas escolas e no entretenimento para tornar o dissenso socialmente suicida. Tal como previu Alexis de Tocqueville, a liberdade será sufocada não por proibições explícitas, mas por uma tirania suave que se infiltra na alma e a desarma.
O sistema judicial funcionará como mecanismo de reeducação moral, substituindo o ideal de justiça neutra por um novo código ético. Leis ambíguas sobre discurso de ódio, diversidade ou retórica da aceitação serão usadas para perseguir a dissidência. A liberdade de expressão continuará a existir no plano teórico, mas os seus limites serão definidos pelos dogmas da nova moral oficial.
A Democracia Pós-Política
Politicamente, esta ordem assumirá a forma de uma democracia pós-política. As eleições continuarão, mas apenas entre variantes da mesma ortodoxia liberal-progressista. O pluralismo formal mascarará a ausência de alternativas reais. Os partidos que desafiarem o consenso serão marginalizados, os seus líderes desqualificados, as suas ideias ridicularizadas.
As decisões efetivas passarão para as mãos de agências tecnocráticas, tribunais supranacionais, ONG e conselhos de especialistas, entidades sem mandato democrático, mas com autoridade normativa. A soberania será dissolvida em nome da........
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