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J.D. Vance, o triunfo da clareza moral

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20.02.2025

O discurso de J.D.Vance no início de 2025 em Munique na Conferência de Segurança é uma das peças fundamentais de uma revolução que o Ocidente está a viver em que a recuperação da democracia, da liberdade de expressão e dos valores fundamentais são pedras angulares. Esse discurso deve obrigar a debater aspetos decisivos para a nossa sobrevivência no plano civilizacional e existencial, como os de saber o que se passa com o ocidente? Se ainda vivemos em democracia? O que é a Europa? No que se transformou e o que pretende ser? O que é, na verdade, o progressismo? Qual o impacto de um poder transnacional e amoral nas nações e na vida das pessoas? Se a Europa está em colapso, assim como a democracia, onde estão os verdadeiros fatores desse declínio, e que respostas existem? Qual o grau de responsabilidade das elites liberais e progressistas na destruição da democracia e no ataque à liberdade?

Este discurso é referencial no século XXI, pelo que significa, num mundo desidentificado, regido pela ideia da sociedade mercado e mundo tecnológico sem um saber dos seus fins e onde foram destruídos os alicerces éticos e das conceções de bem baseadas nos nossos valores fundamentais. A ideia Panglossiana que vivemos no melhor dos mundos, por muito que irrite os donos do sistema, já só ilude os tolos.

Afirmar a decadência de uma cultura é problemático, mas estamos no campo do factual, o ocidente está em declínio. O filósofo Fernando Gil dizia com frequências: “nunca se ocupe da área da Filosofia da Cultura numa análise sobre o presente, tudo pode ser dito, uma coisa e o seu contrário e estará sempre certo e errado”. É difícil proceder a uma análise critica, factual e rigorosa sobre a história e a cultura, mas somos filhos do nosso tempo que nos desafia, principalmente porque temos responsabilidades, quer para com o passado, quer com o futuro. Vivemos uma das mais difíceis épocas da modernidade, mais até que o período das grandes guerras mundiais. Podemos afirmar que não estamos apenas perante o fim de uma civilização, mas considerando a tecnologia que dispomos e as finalidades da mundividência dominante, perante o fim da própria civilização e do homem.

Cada tempo, cada época, cada sociedade tem as suas obsessões, os seus dogmas, as suas polarizações. Aquilo pelo qual se vive e morre num tempo é com frequência insignificante algumas décadas depois, mas há um conjunto de conteúdos, de descobertas, de experiências que provaram ser melhores, que são perpétuas, o qual são os grandes tesouros civilizacionais, e devem ser defendidos, recordados e transmitidos. Esses tesouros são os livros, os comportamentos, certos valores, o exemplo de certos homens. Pela exemplaridade desses tesouros podemos nomeá-los de sagrados, não num sentido religioso, mas porque se distinguem daquilo que é mutável, subjetivo e relativo. A transmissão desses tesouros constitui um fio condutor do qual somos responsáveis, ora, o tempo presente, recusa esse tesouro, e sem ele somos apenas viajantes com mapas irracionais e absurdos para nos orientarmos na vida.

Um exemplo simples de um discurso que faz parte desse tesouro. O discurso atribuído a........

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