Conseguimos, mais um primeiro lugar
Qual é a substância de um herói no século XXI? Vivemos na era do liberal-progressismo, onde os símbolos culturais já não se medem pela grandeza dos feitos, mas pela capacidade de gerar cliques, partilhas e contratos de publicidade. O herói de outrora, que transcendia a sua condição humana através de feitos militares, espirituais ou científicos, foi substituído por uma nova categoria de ídolo: o final boss da era digital.
Um exemplo paradigmático, entre milhões de outros semelhantes, é o “Ibiza Boss”. A figura mais mediatizada e comentada entre os jovens no verão de 2025 não é um atleta, um inventor ou um estadista, mas Jack Kay, um inglês de 26 anos que foi até Ibiza. Uma pessoa banal, de corte à tijela, corpo de ginásio e tatuagens de gosto duvidoso. Em poucos dias, tornou-se o rosto global daquele verão.
O que fez ele? Nada, absolutamente nada de significativo. Foi filmado durante sete segundos a dançar de forma quase imóvel e desajeitada, e, mal o vídeo se espalhou pelo TikTok, alcançou milhões de visualizações em poucas horas. Duas semanas depois, assinava contratos com agências de viagens, viajava gratuitamente pelo mundo e cobrava milhares de euros por presenças em discotecas.
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