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As Mil Direitas do Século XXI

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18.09.2025

Sempre que surge um evento político ligado a uma direita divergente do sistema, seja já governo ou apenas força eleitoralmente significativa, a comunicação social convencional parece ter apenas uma dúvida: para uns, trata-se de “extrema-direita”; para outros, de “direita radical”. A simplificação é cómoda, mas obscurece mais do que esclarece.

É hoje inegável que há uma nova direita que não é meramente conjuntural, mas estrutural. Contudo, importa distingui-la da velha direita, da direita sistémica, da direita extremista e radical, e ainda da chamada Nouvelle Droite de Alain de Benoist. Estes conceitos não têm fronteiras nítidas, mas é possível delinear alguns traços distintivos que ajudam a compreender o mapa das direitas no século XXI.

A nova direita contemporânea não deve ser confundida com a corrente francesa surgida nos anos 1970. A Nouvelle Droite de Benoist foi sobretudo um movimento metapolítico e intelectual, orientado para uma crítica cultural de longo prazo, assente numa reelaboração erudita de conceitos como identidade, tradição e etnicidade. A nova direita atual, pelo contrário, é antes de tudo um fenómeno político e social: nasce do terreno, não da academia, e define-se pela sua orientação antissistema, pela defesa de valores conservadores traduzidos para os dilemas contemporâneos e pelo combate direto à hegemonia liberal-progressista. A sua........

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