A ONU e o Teatro do Cinismo Global
A Organização das Nações Unidas nasceu, em 1945, como guardiã de uma promessa: assegurar a paz, proteger a dignidade humana e defender valores universais. Hoje, porém, tornou-se um espelho grotesco da realpolitik internacional. Entre proclamações solenes e resoluções morais, a organização converteu-se num teatro de cinismo global, onde os piores infratores dos direitos humanos podem assumir o papel de juízes da virtude.
Os exemplos são tão numerosos quanto caricaturais. O Irão, onde mulheres podem ser condenadas por mostrarem o cabelo, sob sanções pelo seu programa nuclear e acusado de financiar grupos armados, integra gabinetes dedicados à paz e ao desarmamento, numa espantosa inversão orwelliana da linguagem. A Arábia Saudita, cuja política externa se tem centrado na modernização do país, sobretudo através do futebol, só recentemente concedeu às mulheres o direito de conduzir e ainda lhes nega liberdades fundamentais, foi eleita para comissões responsáveis pelos direitos das mulheres. A China, frequentemente acusada de graves violações dos direitos humanos, desde a repressão sistemática dos uigures até à censura e perseguição de dissidentes, ocupa um lugar destacado no Conselho dos Direitos Humanos. É como se os lobos não apenas guardassem o rebanho, mas até presidissem à assembleia das ovelhas.
Esta sucessão de absurdos não é acidente; é função do próprio........





















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