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Não temos de ser pobres

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29.03.2025

Nas próximas eleições legislativas, os temas centrais que me parecem relevantes, e que suponho para a maioria dos portugueses, são: prosperidade – preços, habitação, salários baixos; equidade – justiça, educação e saúde para todos, desigualdades sociais, imigração; segurança – ameaças internas e externas; e liberdade – crescimento da intolerância.

Os partidos que aspiram governar, e têm sido o garante da democracia, devem ser claros e objetivos nas suas propostas, sem demagogias ou evitando discutir problemas difíceis. Só com informação adequada os portugueses poderão tomar decisões conscientes para o seu futuro coletivo. O grande perigo para a democracia será uma estagnação que limite a ambição e alimente o desânimo. Desânimo esse que, persistente no tempo e generalizado, pode vir a tornar atraentes soluções simplistas.

Um plano de ação num contexto de incerteza internacional

O mundo está a caminhar para uma divisão em blocos multipolares, em vez de avançar para uma maior cooperação internacional. Potências emergentes e militares desafiam a ordem global estabelecida. A fragmentação do bloco ocidental é um risco crescente, especialmente o visível enfraquecimento da indispensável relação euro-atlântica.

Neste contexto, qual deverá ser a posição portuguesa? Portugal não só é um país Europeu, estrito senso, é também um país verdadeiramente Atlântico. Possui vantagens estratégicas únicas, como um vasto território marítimo, uma localização central nas rotas globais de matérias-primas, produtos e dados, conectados por importantes cabos submarinos, proximidade com África e fortes ligações culturais e económicas com o Atlântico.

Até 2050, África duplicará a sua população para mais de dois mil milhões de pessoas (um quinto da humanidade). O Oceano Atlântico une continentes que agregarão, num futuro próximo, cerca de metade da população mundial. Se há geografia económica interessante, pois no fim a economia são as pessoas, essa geografia é e será certamente o Atlântico.

No contexto internacional atual e na posição geográfica que ocupamos, que sendo vantajosa pode também carregar ameaças, urge mitigar riscos e multiplicar oportunidades.

Importará, consequentemente:

Solidificar e expandir a base económica de retaguarda

Manter e reforçar as relações económicas com os outros 26 países da União Europeia. Explorar parcerias e sinergias em setores estratégicos permitirá garantir uma base de retaguarda segura, podendo também acelerar a transformação da economia para um paradigma mais eficiente.

As necessidades urgentes de uma nova geometria económica e securitária internacional e os investimentos previstos poderão vir a reforçar as assimetrias tecnológicas, de inovação e produtividade dentro da União Europeia.

A probabilidade de se vir a verificar uma redução significativa nos fundos estruturais da UE é muito elevada. Outras necessidades que resultam da instabilidade global e do conflito na Europa competem pelos mesmos fundos.

Estamos perante uma fita de tempo acelerada com oportunidades escassas e tempo muito limitado para ação.

Só uma economia de conhecimento, ágil, inovadora, tecnológica, capaz de atrair e reter o talento e fortemente competitiva, evitará o perigo de se ver a deslizar para a carruagem de trás do desenvolvimento.

Complementarmente, maximizar a participação nas cadeias de valor internas e internacionais da UE, fortalecendo desse modo a posição da economia nacional nas parcerias comerciais e redes de negócios a nível global, será certamente importante.

Ganhar resiliência e alavancar o ‘soft power’

Diversificar mercados reduzindo o risco nas importações e exportações, operando em rede e com a escala adequada, permitirá uma maior resiliência económica. Explorar as vantagens geográficas do país, no centro das rotas Atlânticas, facilitará o desenvolvimento de um hub logístico por via do transporte marítimo, aéreo e ferroviário. O país terá todas as vantagens de se posicionar como um operador global, focando-se também em mercados emergentes e de forte crescimento, como: África, América Latina, Ásia e Médio Oriente.

Uma cultura inclusiva e uma presença histórica com influência em várias regiões, permitirão desenvolver o soft power português ao serviço da intermediação e da conquista de novos mercados. Promover a língua portuguesa, através da cultura, educação, formação e cooperação económica, permitirá posicioná-la como um ativo crítico,........

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