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Trump, o ungido do Capital

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24.07.2025

Há um século, falando para a maior congregação Cristã de Londres, Charles Spurgeon dizia o seguinte: “Acredito que é anti-Cristão, e não é adequado que o Cristão tenha como objetivo de vida o acúmulo de riquezas”. Hoje, esta tensão entre fé e dinheiro ressurge com a nomeação, por Donald Trump, da televangelista Paula White — defensora da chamada “teologia da prosperidade” — para liderar o Escritório de Fé da Casa Branca (organismo para o diálogo inter-religioso, criado por George W. Bush).

O facto não passaria duma minudência política, não fosse o caso dela moldar parte significativa do eleitorado evangélico norte-americano, influenciando também a visão política do próprio Trump. Vale, por isso, refletir sobre os seus principais postulados e suas consequências.

1. A aliança com Abraão garante bênçãos materiais

A “teologia da prosperidade” defende que os Cristãos, como herdeiros espirituais de Abraão, têm direito à prosperidade financeira. Textos como Gálatas 3:14 são citados para sustentar essa ideia, embora ignorem que a promessa referida ali é a do Espírito, não do enriquecimento. A aliança Abraâmica é assim reduzida a uma promessa de bem-estar material, distorcendo a sua dimensão espiritual e redentora.

2. A expiação de Cristo cobre também a pobreza

Os pregadores da prosperidade afirmam que, na cruz, Cristo levou não só........

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