menu_open Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close

O Matuto e os Porcos Voadores – 2

9 20
16.09.2025

O Matuto acordou. O relógio marcava 6 da manhã. Hora de levantar. Mas algo tinha acordado o Matuto… não tinha sido o despertador. Lá fundo da mente toldada pelo sono, um som persistia. Cavernoso, roufenho, côncavo, gangoso… eram porcos! Porcos a chafurdar! O Matuto sentiu-se viajar no tempo e no espaço até ao Alentejo, onde o avô Filipe cuidava dos seus porcos de estimação. Estimados e engordados para a matança em Novembro. Seria possível? Porcos no Brasil, terra da picanha! Sacudindo as névoas do ‘morfeu’, o Matuto encaminhou-se para a origem do som – “ooorrng, ooorrng, ooorrng”! De repente, ao fundo da “Casa das Pontes”, um quadro formidável descortina-se diante do olhar fascinado do Matuto: um bando de Tucanos. “Pássaros do Sul, bando de asas soltas” – entoa Mafalda Veiga, na memória Matutana. No arvoredo “a passarada acorda as mágoas” da vizinhança, “no adejo da alvorada, no borbotar da fonte, as asas abrem chagas” nos telhados da “Casa das Pontes”. Em voos picados os Tucanos, feitos setas amarelas e pretas, pousam de árvore em árvore. Depenicando frutos. Bebericando gotas de orvalho. Paparicando folhas.

A “Casa das Pontes” tem sido um lugar de refúgio........

© Jornal SOL