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Aqui há pouco Porto!

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02.09.2025

“Oh, não! Pesadelo
Há que vivê-lo por dentro e logo após desfazê-lo”

Sérgio Godinho

Uma grande parte dos portuenses já foi a banhos e regressa à cidade invicta para dar início a mais um ano de trabalhos com eleições à porta. Os cartazes dos candidatos aparecem nos nós rodoviários da cidade, nos jardins, nas praças, nas ruas colocados de forma estratégica, com recurso a imagens e palavras de grande formato, identificando os principais candidatos e respectivas promessas com fins eleitorais. A palavra-imagem associada à presença pública dos candidatos configura para as ciências sociais e para a teoria critica uma oportunidade para compreender o processo político das eleições a nível autárquico.

Cada um dos cartazes permite elaborar uma espécie de radiografia hermenêutica de cada uma das candidaturas, porque, remete para uma critica teórica do estado actual da democracia e das suas configurações e redes no contexto de uma cidade média, como é o caso do Porto. A partir de um olhar critico e hermenêutico sobre cada um dos cartazes é possível identificar e dar a conhecer os principais instrumentos ideológicos que mobilizam cada uma das candidaturas, da esquerda à direita, de filiação partidária ou de emergência cidadã por movimentos independentes.

Os cartazes são um dos principais suportes da afirmação política, onde se colocam ideias, desejos, vontades, programas e compromissos dos candidatos e respectivos partidos ou movimentos sociais independentes oriundos da sociedade de base e, mais alinhados pela lógica dos interesses imediatos; os cartazes funcionam como mediadores entre os candidatos e suas “propostas” e a comunidade de base local, limitada a cada um dos territórios eleitorais. São os eleitores que irão decidir quem querem a representar a nossa cidade tendo em conta a oferta possível e disponível. Cada uma das imagens procura valorizar e dignificar cada um dos candidatos, para isso, recorrem a técnicas que são comuns na publicidade, na moda e na televisão. Os personagens fotografados são todos candidatos que pertencem a famílias políticas diferentes ou representantes dos seus próprios movimentos.

As imagens aparecem-nos como formas de negociação entre as diversas opções da acção politico-partidária e os seus campos de possibilidade segundo Appadurai (1996:27-47). Independentemente, das........

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