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Porquê votar, mesmo que no mal menor?

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16.05.2025

António Barreto, como poucos, trouxe recentemente para o debate público a realidade da atual campanha legislativa, classificando-a, com propriedade, como mais uma oportunidade política — desperdiçada. O conhecido sociólogo, que já esqueceu o que muitos ainda nem aprenderam, descreveu com eloquência e lucidez a forma como o País está a ser arrastado para mais um exercício eleitoral sem alma, sem ideias e sem coragem. Não ouso imitá-lo, mas acompanho-o sem reservas no diagnóstico: esta campanha tem sido marcada por uma lavagem de carácter na praça pública, uma sucessão de silêncios estratégicos sobre os problemas reais do País e do Mundo, preenchida por frases feitas e encenações que pouco esclarecem quem observa e ainda menos convencem os indecisos.

Em vez de um confronto sério de ideias sobre Economia, Defesa, Saúde, Educação ou Justiça, assistimos a um desfile de slogans, ataques ad hominem e estratégias de marketing esvaziadas de substância. Substitui-se o conteúdo pela performance, e evita-se o erro com tanto zelo que se abdica da proposta.

Este vazio discursivo é, em si, profundamente revelador. A política, que deveria ser um exercício de visão e responsabilidade, tornou-se numa arte de cálculo puro. A comunicação substituiu o conteúdo. O medo de errar tornou-se maior que a vontade de propor. E os candidatos, mais do que liderar, parecem temer a própria sombra. A falta de qualidade da oferta política reflete-se num país fragmentado, desiludido e exausto.

A abstenção,........

© Jornal SOL