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Em tempo de corvos cobras chacais

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30.05.2025

O resultado destas eleições não surpreende. Está de acordo com a atmosfera geral do tempo: uma atmosfera inquinada, doente, por demais irrespirável. É o deus-dinheiro, são os interesses de cúpula, são as carreiras unipessoais, é a venda da alma seja por que preço for, é a construção de um país à beira dum precipício. Fatal. São os canais de televisão vendendo a alma e os comentadores desvirtuando, manipulando, doutrinando – o poder do dinheiro é global, universal, cósmico. Não compra, porém, a vida, a eternidade. No fim, cada um terá, por muito que tenha guardado o retrato como Dorian Gray, de se confrontar com o seu monstro. Nenhum aventureiro de hoje que trai os seus concidadãos escapará a esse espelho: quem foste tu, André? Que fizeste em nome dos outros? Quando foi que a tua alma se enlameou? Qual a razão da tua desmedida ganância? Que ódio te envenena as palavras e o sangue?

Há um poema de Sophia de Mello Breyner que devemos lembrar neste tempo de novos combates pela liberdade – a liberdade que devemos à nossa consciência, que devemos aos nossos filhos, que devemos aos nossos pais. O poema é este:

Nestes últimos tempos é certo que a esquerda fez erros

Caiu em desmandos confusões praticou injustiças

Mas que diremos da longa tenebrosa e perita

Degradação das coisas que a direita........

© Jornal SOL