Cerca de muros quem te sonhas
É um verso conhecido de Fernando Pessoa: «Cerca de muros quem te sonhas». O título do poema é já revelador da intenção do texto: Conselho. Primeiramente publicado na revista Sudoeste em Novembro de 1935, é no mínimo irónico que este seja um desses poemas que funcionam como augúrio, injunção aos vindouros. O seu autor, que morre precisamente em Novembro de 35, talvez soubesse que este seria um desfecho a ser lido como mais do que um conselho. A mensagem é espiritual, é humana: cerca-te, protege-te contra o mundo e suas leis. Levanta o alto muro da consciência contra a loucura da realidade e o seu vórtice.
Vivemos, como desde há 100 anos se não vivia, nesse vórtice, ou nessa vertigem da História que exige que ergamos um muro, ou vinquemos com coragem os limites que outros, e/ou nós próprios, podemos ultrapassar. A questão, porém, não é de nos impormos qualquer espécie de prisões ou de regime de opressão que bloqueiem a nossa expressão. A questão é a de fortalecermos a ideia de acção livre e, por isso consciente. Levantar contra a loucura do mundo a lucidez da temperança, a lucidez da reserva, eis o que o poema de Pessoa propõe.
Os versos dessa composição revelam, vendo bem, outra coisa ainda. Ao escrever «Depois, onde é visível o jardim / Através do portão de grade dada,/ Põe quantas flores são as mais........© Jornal SOL





















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