O suicídio político do BE
Acho que está na altura de reconhecer o estado do Bloco de Esquerda: coma profundo e a correr perigo de vida. Teve uma vida boa, atingiu o seu clímax durante os anos da geringonça, mas nunca recuperou desse divórico litigioso. Ficou perdido e, desde então, têm-se sucedido as tentativas de suicídio político.
Como em qualquer separação, cada um segue o seu caminho, mas há sempre um lado que sofre mais do que o outro. Nas partilhas da geringonça, António Costa ficou com uma maioria absoluta; o Bloco de Esquerda ficou reduzido a cinco deputados. E foi a partir daqui que as coisas começaram a descambar.
O PS deixou de precisar do Bloco de Esquerda e o partido decidiu fazer uma espécie de regresso às suas origens mais radicais. Trocou Catarina Martins por Mariana Mortágua e, em vez de procurar uma frente de esquerda que fosse capaz de enfrentar o crescimento da extrema-direita, acantonou-se num discurso puramente ideológico e wokista. A maioria absoluta de António Costa, de um certo ponto de vista, era útil para o Bloco se........
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