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O Chega, o regime e o sistema

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03.04.2025

Desde que o actual Governo tomou posse que se repete a expressão «não é não» como um mantra definidor da sua posição e destino. A partir dela, o Governo da AD definiu a sua posição como Governo minoritário, prescindindo da estabilidade de uma maioria parlamentar e assumindo-se como um estado de coisas conjuntural, forçado a negociar a cada passo com as oposições consoante a sua disponibilidade. Deixava, por isso, de ter subjacente a definição de um caminho governativo coerente e seguro para quatro anos, e muito menos a abertura de um projecto político para mais do que isso, para se satisfazer com a gestão precária do status quo.

Definindo a sua posição, o Governo da AD traçava também o seu destino. Entregava-se nas mãos da oposição socialista e resignava-se a governar apenas enquanto esta quisesse e deixasse. Paradoxalmente, portanto, integrava-se na estratégia socialista de elevar o PS à condição de partido hegemónico do sistema político português, o partido que determinaria as condições e os termos da governabilidade do país. Segundo a estratégia definida por António Costa ao derrubar o Governo de Passos Coelho em 2015, seria doravante o PS a ter a chave dessa governabilidade, monopolizando-a em todas as ocasiões: quer estivesse na oposição; quer assumisse funções governativas sozinho; quer as assumisse trazendo consigo a extrema-esquerda, se porventura lhe fosse útil.

Foi este o resultado, lógico e inevitável, da obstinação com o «não é não». Daí só poderia seguir-se – como, de facto, se seguirá, caso as coisas não se alterem – a hegemonia do PS no sistema partidário português, mesmo que conjunturalmente esteja fora do Governo. Há muita gente no PSD que já o compreendeu. Há mesmo alguns que o começam a dizer, com o ínfimo grau de explicitação que, dentro do PSD, as actuais circunstâncias eleitorais........

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