A economia do cansaço
Quando o cansaço se torna a norma, deixa de ser apenas uma condição privada – transforma-se num princípio político e civilizacional, que limita a nossa liberdade e o nosso destino.
É essa forma invisível de poder – o modo como a exaustão se torna ferramenta de controlo e obstáculo à vitalidade – que chamo aqui de economia do cansaço. O homem moderno está sempre cansado de múltiplas maneiras e isso faz dele um sujeito vulnerável e obediente. Raramente o admite em público, com receio de ser visto como desajustado, desmotivado, desorganizado, inapto, preguiçoso ou fraco, mas os sinais de desarmonia e de exaustão gritam mais alto. Aprendeu a penitenciar-se porque não ouviu o despertador, perdeu o autocarro, não foi treinar às 5h da manhã, esqueceu-se de responder a um email que lhe foi enviado às 2h da manhã de um sábado, deixou passar o prazo da contagem da água, esqueceu-se de fazer um check-in online na véspera de uma viagem, ou porque teve de faltar a uma reunião de trabalho por motivos de saúde.
Não deveria ser evidente que grande parte do nosso cansaço nasce da carga inédita de solicitações – mensagens, prazos, estímulos, notícias, expectativas – que hoje recai sobre cada um de nós? Esse é o primeiro ponto: nunca estivemos expostos a uma avalanche tão avassaladora de responsabilidades, viagens, ruído e gestão centralizada e permanente de tarefas por meio de aplicações nos telemóveis.
A tendência mais natural, contudo, é a de romantizar essa condição – transformar o excesso em prova de valor. Ser capaz de dar conta de tudo, responder a tudo, estar sempre disponível, tornou-se sinónimo de força e de mérito. Alimenta-se o........





















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