Corpo em observação
Por um instante julguei reconhecer o tempo abatido sobre o meu corpo. Pude, no espaço de uma fresta muito íngreme, desejar o vapor de uma veia arrefecida, ou o caule da flor que não chegou a ser. Entrei em casa com a aflição das mães que se acometem do terror de desaparecer, sabendo que um filho as espera ainda. Envelhecemos para sempre, sob a escuridão ou a claridade. Há que levar as mãos ao rosto e forçar todos os dedos contra a luz principal dos olhos. É preciso recusar a beleza dentro da boca e escutar todas as fúrias que o tempo vai amortecendo até que o fim desinstale o corpo. Será isto o meu corpo? Haverá pele que baste para cobrir um coração, para........
© JM Madeira
