O Pai Natal Municipal
Estamos a poucas semanas das eleições autárquicas, marcadas para 12 de outubro, e volta a instalar-se a sensação de que as câmaras municipais se transformaram em balcões universais de promessas e subsídios. Em cada esquina, em cada inauguração, em cada publicação nas redes sociais oficiais, surgem anúncios de apoios: à renda da família carenciada, ao passe de transporte, ao computador da escola, à festa da associação, ao pavilhão do clube ou ao evento cultural improvisado. A autarquia assume-se como a solução mágica para tudo o que falta e tudo o que falha, numa espécie de Pai Natal permanente, sempre pronto a distribuir benesses.
Esta lógica tem uma explicação eleitoral simples. O cidadão comum esquece rapidamente a revisão de um PDM ou a discussão de um orçamento municipal, mas recorda-se bem do cabaz de Natal que recebeu, da renda que foi paga pela autarquia ou do transporte gratuito que passou a ter. O voto não se move tanto pela visão estratégica ou pelo planeamento de longo prazo, mas pelo benefício imediato e tangível. Esta mentalidade, explorada até à exaustão, transforma as câmaras em catálogos de promessas de ocasião e empobrece o debate público, reduzindo-o a uma troca de favores entre o poder local e o eleitorado.
Acontece que........
© JM Madeira
