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O povo perdeu a esperança

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Sussurrada nos ônibus, dita com desgosto na fila da padaria, repetida em mesas de bar ou escrita com amargura nas redes sociais, uma frase voltou a circular: “O povo perdeu a esperança.” Não se trata de exagero ou pessimismo; é o diagnóstico emocional de um país que está cansado.

Em Belém, epicentro da COP 30, ativistas indígenas protestavam contra o desmatamento enquanto delegados internacionais discursavam sobre “esperança verde” em salões climatizados. No Rio de Janeiro, famílias amontoadas em favelas enfrentam tiroteios diários, sonhando com uma trégua que nunca chega.

Historicamente resiliente, o brasileiro agora demonstra um novo tipo de esgotamento, que não é apenas material: é espiritual. O país vive uma fadiga moral e simbólica profunda, como se tivesse perdido seu senso de futuro. Desaprendemos a imaginar um amanhã melhor.

Essa desesperança não surge da noite para o dia; é resultado de uma lenta soma de frustrações e promessas quebradas. Não é um colapso repentino, mas uma erosão gradual, alimentada por cada aumento dos preços nas gôndolas dos supermercados, por cada notícia sobre escândalos de corrupção que, na prática, não dão em nada (INSS, Banco Master etc.), por cada arbitrariedade cometida pelo sistema contra seus adversários políticos, por cada falsa promessa de prosperidade e justiça, por cada exaltação cínica da censura.

A economia, é claro, é um dos motores desse desalento. Apesar de os indicadores oficiais serem sempre positivos, na vida real ninguém comemora, porque os números não refletem a evidente perda de........

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