Momento Trump selado com sangue
Há momentos que podem definir uma eleição. No debate de Atlanta, o desempenho tragicamente desastrado de Joe Biden parecia ter-lhe comprometido as hipóteses de ser reeleito – e até abriram uma discussão autofágica para os democratas sobre se deverá prosseguir com a candidatura ou se deveria desistir.
O momento da corrida presidencial norte-americana, a 113 dias da grande decisão, já estava a ser de Trump. Poucos imaginariam que outro momento dramático, ainda antes das convenções, pudesse ocorrer do lado da candidatura republicana.
A imagem de Trump com a cara ensanguentada, a acenar – vencedor – com o punho, rodeado pelos agentes dos serviços secretos, enquanto exortava aos apoiantes, ainda espantados com a tentativa de assassinato que acabavam de assistir, para lutarem, lutarem (“fight!”, “fight!”) pode ficar marcada na história desta corrida presidencial como a chave que poderá selar um eventual regresso de Donald à Casa Branca.
Convém ser prudente: aquilo que nos parece definitivo numa campanha presidencial na América pode, com estranha rapidez, ser ultrapassado em dias por outro acontecimento inesperado que venha a seguir. Mas o episódio da Pensilvânia junta alguns traços potencialmente definidores para a narrativa do regresso de Trump e, em contraponto, eventualmente comprometedor para uma (já antes difícil) recuperação improvável de Joe Biden.
Ficará mais difícil para Biden atirar Trump para um nicho do “candidato que porá em risco a democracia americana” e ficará bem mais fácil para Donald colher empatia e até adesão por parte de quem, até agora, só o viu numa versão zangada, populista e agressiva para as minorias.
Donald Trump gosta de exibir força – em contraste com a notória fragilidade revelada pelo opositor no duelo de Atlanta. Que outra conjugação de ocorrências poderia permitir-lhe sublimar esse contraste como o que........
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